23 maio 2022

Suficientes razões para não privatizar a Eletrobras

Paulo Metri

 

1.     Possibilidade de transferir a parcela de extra lucro de hidroelétricas já amortizadas para os consumidores, principalmente os de baixa renda, e para empresas grandes geradoras de empregos, sendo que, no caso da privatização, este lucro adicional iria aumentar o ganho dos novos donos da hidroelétrica.

2.     Possibilidade de realizar planejamento elétrico e energético que resulta em menores custos da energia para a sociedade.

3.     Realização de planejamento e execução de procedimentos operacionais, além de obras, que resultam na maior confiabilidade do sistema, minimizando a possibilidade de ocorrência de apagão.

4.     Respeito, durante o planejamento e a execução dos projetos, às imperiosas necessidades de água para o abastecimento humano, principalmente de pequenas cidades, para a diluição de poluição, para o abastecimento de rebanhos de animais, para irrigação, para piscicultura, por maior adequação aos requisitos do meio ambiente e por melhor atendimento às exigências de navegabilidade do rio.

5.     Existência da possibilidade de atuação como instrumento de ação benéfico à sociedade, se existir o controle social da estatal, fato que não irá ocorrer com o experimento fracassado das Agências Reguladoras. A Eletrobras estatal será benéfica para nossa sociedade não só pelo que faz diretamente de bom para ela, mas também pelo que faz indiretamente ao tolher o capital privado do domínio do setor. Ninguém acredita que a Eletrobras privada irá transferir extra lucro para baratear a energia para os consumidores mais carentes, por exemplo. Resumindo, a Eletrobras privada não atenderá a nenhuma política pública sem pressão exercida pelo Estado, enquanto a Eletrobras estatal irá atendê-las, necessariamente.

6.     O modelo de privatização de empresas estratégicas fracassou no globo inteiro. O que é comum hoje são as reestatizações. Em um país com grandes reservas de recursos naturais, o dilema é como direcionar esta vantagem competitiva para usufruto da sociedade do país, pois a maciça propaganda do capital visa dourar a privatização. Como a sociedade, se conscientiza da importância da Eletrobras estatal, o capital se apressa privatizá-la. Resta saber se haverá tempo para a grande massa, tardiamente, vá para a rua a ponto de constranger os representantes do centrão. A época é favorável ao convencimento pois a eleição está próxima.

Paulo Metri é engenheiro