Pobre de direita
Paulo Metri
Esta expressão lembra
o “silêncio ensurdecedor”, ou seja,
um oximoro, que se trata, segundo o dicionário, de “uma combinação engenhosa de palavras cujo sentido literal é
contraditório ou incongruente”. Entretanto, infelizmente, o “pobre de direita” é real. Graças ao
poder econômico corruptor, a marqueteiros, que ajudam no trabalho sujo, à mídia
convencional aliada do poder econômico e à falta de educação política do povo, seus
próprios futuros algozes são eleitos como seus representantes.
Em diversos países,
este fato acontece, mas a intensidade com que acontece no Brasil é muito danosa
exatamente para aqueles de escolha pobre. Quanto mais carente a população, mais
dependente dos que lhe distribuem migalhas e mais fácil de ser enganada, o que
nos leva a um ciclo de horror, pois os eleitos, além de não melhorarem a vida
dos seus eleitores, não irão os conscientizar politicamente.
Infelizmente, a
escolha de um executivo público ou legislador é mais uma decisão emocional do que
racional. Se assim não fosse, muitos políticos, depois de identificados como
péssimas escolhas, não seriam mais eleitos. Infelizmente, este processo
doloroso de aprendizado, que estaria ocorrendo por “tentativa e erro”, se existe, é muito lento.
A tese freudiana,
que o jovem precisa “matar a figura do
pai” para poder crescer, é adaptada na política como a necessidade de se
trazer o novo, a cada eleição. O interessante é que quem usa esta tese, depois
de alguns anos, prova do seu próprio veneno. Existem outras teses usadas,
recursivamente, nas eleições por trazerem sempre votos, quer sejam verdadeiras
ou mentirosas. Este é o caso, por exemplo, de acusar o adversário de corrupto.
Fazendo um corte na
linha de pensamentos, temos que reconhecer que a perspectiva de uma vida cheia
de confortos e satisfações é extremamente atrativa para um mortal perdido no
mundo sem saber o que veio fazer aqui. O que é esquecido é que a “brincadeira” de acumular renda e riqueza,
na maioria das vezes, vem acompanhada do empobrecimento e do aumento da carência
de outros humanos.
Assim, é trazida a questão
da atratividade do socialismo frente ao liberalismo econômico. O socialismo
pode ser visto como um seguro dos integrantes da sociedade. Para sustentar esta
tese, vai-se trabalhar com uma das diversas propostas de sistema econômico com
preocupação socialista. Nesta proposta, a ordem econômica do país continua
sendo capitalista, mas empresas e os donos do capital são taxados pesadamente e
o dinheiro arrecadado é devolvido à sociedade em serviços. Com isso, estão
garantidas escolas para todas as crianças, serviços médicos para quem precisar
e velhice digna.
Já o liberalismo
econômico oferece aos cidadãos uma penca de oportunidades, na qual um elemento
pode se dar muito bem ou muito mal. Como a priori, ele não sabe o que
acontecerá, ele deveria optar pelo caminho seguro do socialismo. Mas, com a
esperança de se dar muito bem na roleta liberal, ele se atira nela
irracionalmente e, dai, nasce o pobre de direita. Na maioria das vezes, quem
toma esta decisão perde.
Afirmam, também, que
o pobre de direita seria movido pelo prazer sórdido de recriminar os próprios
oprimidos, dos quais ele faz parte. Seria outra versão do capitão do mato sem
compensação alguma, aparentemente. Seria movido por distúrbio psíquico?
Notar que, na
história da caixa de Pandora, ela libera, ao abrir sua caixa, todos os males
que afligem a humanidade, como as guerras e as doenças. Inclusive males que
estão na raiz da explicação do pobre de direita, como a necessidade de
dominação do outro.
Curiosamente, ela liberou
também para a humanidade a esperança, que é o pior dos males, pois prolonga o sofrimento
da espécie.
19/10/2021
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