Não há luz no túnel
Paulo Metri
Estamos no túnel,
envolvidos em profundo breu. Gostaria muito de poder informar que há uma luz pequena
e distante representando a saída. Se considerarmos o momento atual como uma
corrida de obstáculos, o brasileiro tem que pular uma única barreira imensa,
formada pela pandemia, por Bolsonaro, que não é preciso adjetivar, pelo
neoliberal Guedes, e por fim, pelos impérios com suas forças armadas e empresas
de pilhagens. Trata-se de um obstáculo gigantesco para um povo desvalido e
depauperado.
O planejamento do
caos foi perfeito, tendo resultado neste ano de 2020, muito ruim para os
brasileiros. Planejaram até os detalhes, pois colocaram o carrasco e a pandemia
juntos, com ela inibindo manifestações de repúdio às ações dele.
A política sempre
foi dominada por manipuladores do povo à cata de votos, que trazem a representatividade
não verdadeira. Em geral, estes são, também, ladrões de bens públicos. A
sociedade, apesar de poucos profissionais abnegados, que buscam esclarecer o
processo de dominação em curso, ainda está hipnotizada pelos mercadores de mentiras
dos telejornais, a grande fonte de desinformação dos brasileiros. Hoje, redes
sociais, com ou sem “fake news”, informam
ou desinformam, dependendo do canal.
Adicione-se a tudo
isso para 2021, uma inflação de 10% ao mês, um desemprego de 30% da população
economicamente ativa, a crise da saúde pública, que já atinge mais de 180.000
mortos, e com as autoridades do governo aparentemente pouco interessadas em
resolver a questão. Também, a insensibilidade da classe dominante é espantosa,
se não for trágica.
No Congresso, políticos
ávidos de mais poder, fieis ao neoliberalismo, com exceção da diminuta bancada do
povo, tramam. Buscam formas de lucrar mais, mesmo sendo com a desgraça alheia. Entretanto,
continuam buscando intrigar seus oponentes, com sua mídia. Esta é uma parte da receita
da dominação.
Assim, o breu é
total. Contudo, existe o ditado: “Não há mal que sempre dure, nem bem que nunca
se acabe”, que é verdadeiro porque as gerações se sucedem e,
normalmente, as novas gerações buscam partir do zero. No longo prazo, todos os
vivos de hoje serão pó, inclusive os donos da empáfia.
Não arrisco prever o
futuro porque é difícil e desconfio que ele é triste. Quanto a mim, continuarei
lutando, até porque é o que mais faço.
Paulo
Metri é conselheiro do Clube de Engenharia
26/12/2020
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