O petróleo não é mais nosso
Paulo Metri
José Sergio
Gabrielli, ex-presidente da Petrobras, afirmou, recentemente, o que alguns
especialistas em petróleo já vinham identificando. “É impossível retomar o
controle do Pré-Sal”, disse ele. Acrescento à sua fala, que áreas do polígono
do Pré-Sal e de outras regiões já foram entregues a petrolíferas estrangeiras;
a Petrobras foi esquartejada e apequenada; e a legislação relativa ao “Contrato
de Partilha” foi desfigurada.
Neste
quadro, alguns juristas trazem o argumento das privatizações terem sido
realizadas a preços vis. No entanto, não vejo processos colocados com essa
argumentação. Consta que Cháves conseguiu reformular contratos existentes com
este argumento. Contudo, o poder bélico do país e de seus aliados deve também
ser levado em conta.
O ex-senador
Roberto Requião, também nacionalista e socialmente comprometido, sugere a
aprovação pelo Congresso de um referendo revogatório, para o qual a população
seria convidada a se posicionar, revogando, de preferência, as barbáries
aprovadas pelos entreguistas.
Neste
momento surgem os brados dos entreguistas: “E o ‘ato juridicamente perfeito’?
Como revogar estes atos? Eles serem revogados significa a existência de instabilidade
jurídica do país.”
Para trazer
um mínimo de nexo a este debate, busco racionalidades em vez de só lançar
palavras de emoção. Para tanto, parto do princípio que o único objetivo de um
governo é maximizar o bem-estar social. Lutar pelo poder só faz sentido se for
para maximizar o grau de satisfação da população.
Posto isto,
quais são os atores relevantes, cujas tomadas de decisões influenciam o citado
“grau de satisfação da sociedade”? São muitos, assim só cito os mais
relevantes.
Primeiramente,
os políticos se dividem em dois subgrupos claros: os que conseguem a
representação do povo, sem verdadeiramente representá-lo, e aqueles que merecem
o título. Os primeiros, além de crápulas, são também grandes atores.
Algo
análogo surge em outros grupos. Por exemplo, existem os sindicalistas que lutam
pelos reais interesses dos trabalhadores e os que fazem jogo de dissimulação
para atender interesses dos patrões. São os pelegos.
A divisão
dos grupos patronais passa por diferente viés de análise, pois existem os
nacionalistas e os entreguistas. Estes últimos se contentam em serem
representantes comerciais de empresas estrangeiras.
O
empresariado possui os grandes meios de comunicação. Assim, por pertencerem ao
capital, só divulgam as noticias com suas visões. Com relação às redes sociais,
há diversidade de opiniões, se bem que existem também as “fake news”.
Ainda dentro
do grupo empresarial, existem cinco bancos com enorme dominação do mercado.
Detalhe: o CADE não faz absolutamente nada. Todos com lucros excepcionais e
poder político grandioso. Existe também o agronegócio, também com enorme força
política e que é protegido por gerar muita divisa.
Dentre os
religiosos, existem os exploradores da necessidade da fé de muitas pessoas, que
aproveitam a fragilidade de muitos fies, para explorá-los, e os verdadeiros
religiosos altruístas.
Dentro do
setor público, não quero falar do atual Executivo aparelhado, não só por ser
mais uma das tantas obviedades que escrevo, mas por ser noticia deprimente.
Ainda dentro
do setor público, existe uma casta que mereceria atenção especial de um
hipotético grupo de racionalização social do Estado brasileiro: o Judiciário.
Para justificar esta afirmação, me apoio no fato da ocorrência nos seus quadros
de Sergio Moro e Deltan Dallagnol. É bom sempre lembrar o prejuízo
incomensurável de uma sentença injusta, só comparável a uma averiguação
policial tendenciosa.
Os
militares, incluindo não só os das Forças Armadas, mas também os das policias
estaduais e municipais, os da Polícia Federal, enfim, os servidores públicos
que usam armas, merecem uma observação inicial. A meu ver, o militar perfeito é
aquele que se sente guardião da arma que a sociedade lhe entregou, cumpre
estritamente a Constituição do País e, em hipótese alguma, usará esta arma
contra a sociedade. O militar reformado poderá participar da política, mas o da
ativa não pode emitir posição política e nem exercer cargo público, a menos
daqueles das próprias Forças Armadas.
Merecem
citações as forças armadas das milícias e do tráfico. São forças opressoras da
sociedade, bandidos, capazes dos atos mais violentos.
Neste balaio
de interesses, está solto na escuridão, desnorteado, sem saber onde se apoiar,
o povo brasileiro. Ele pode não ser mais cordial, como foi considerado no
passado. Contudo, afinal de contas, por que deveria ser?
O Estado,
cada vez mais, o ajuda menos. A grande mídia o ludibria, não sabe em quem
confiar nas redes sociais, o vírus, segundo alguns estudiosos, liberado devido
à destruição ecológica, ataca violentamente os mais necessitados. No meio de
tanta desgraça, surge uma mão amiga, resquício do Estado solidário: o SUS, que
busca salvar indistintamente, chegando ao ponto de poder salvar seu algoz
futuro.
Empresários
só não apertam mais a corda que está no pescoço do povo porque podem perder o
consumidor. Políticos e religiosos inescrupulosos, milicianos e traficantes
maltratam, extorquem e seviciam a população.
Neste quadro
dantesco, o butim é inevitável. Todos os setores da Economia estão sendo
destruídos, a menos dos bancos e outros setores arrivistas, sob a batuta do
Ministro Guedes.
Assim, o
mesmo ocorreu com o setor do petróleo, que já foi chamado de “passaporte para o
futuro”, expressão criada pelo Engenheiro Fernando Siqueira da AEPET e, depois,
adotada pela Presidente Dilma em campanha eleitoral.
Os Estados
Unidos desfecharam uma guerra de mais de US$ 2 trilhões contra o Iraque, que
possuiria imaginárias armas de destruição em massa e possuía cerca de 240
bilhões de barris de petróleo reais. Por outro lado, empresas estrangeiras
ganharam blocos de petróleo no Brasil em leilões ofertando quantias
comparativamente ínfimas, cujo petróleo a ser descoberto pode corresponder a
uma parcela considerável dos 240 bilhões iraquianos. E nenhum marine
desembarcou na costa brasileira, a menos dos que vieram para o carnaval. Além
disso, as petrolíferas estrangeiras, que ganharam blocos no Brasil, tiveram
isenção de impostos por 25 anos de cerca de R$ 1 trilhão.
Assim, o
setor de petróleo brasileiro, como outros, foi destruído e desarranjado. Mas, a
ironia do destino é que o governo Biden parece querer comprar briga com as
petroleiras internacionais ao liberar US$ 2 trilhões para as energias limpas.
É
interessantíssimo o fato que o Brasil é também exuberante em reservas de fontes
alternativas para geração de energia limpa. Mas, o problema é que um novo
“quinta coluna” ou o mesmo, irá entregar graciosamente estas reservas. A
máquina de extorsão do povo está montada
30/01/2021
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