Assim caminha a humanidade
Paulo Metri
Poderia ser dito,
sumariamente, que a humanidade anda aos trancos e barrancos, pois, depois de
avanços no aprimoramento da sua humanidade, podem ocorrer recuos. Notar que a
humanidade, entendida como os componentes do grupo humano, pode desenvolver sua
humanidade, uma característica humana positiva, e é o mesmo grupo que pode
involuir desumanamente.
Assim, a humanidade
teve momentos áureos, como o lançamento do “Direito universal do homem” pela
ONU, após a segunda guerra mundial. A própria criação da ONU também foi um
avanço considerável. A Revolução francesa, apesar das execuções ocorridas,
representou um avanço do pensamento humanitário. O lançamento do “Manifesto
comunista” em 1848 representou também um avanço.
Em compensação, as
ditaduras, o nazismo e as explosões nucleares de Hiroshima e Nagasaki são
recuos no nível de humanidade. Qualquer guerra é um recuo civilizatório. A
corrida armamentista também é. Os complexos industriais militares, ou as “indústrias
da morte”, são recuos da humanidade. Assim, ela tem evoluído ou involuído na
escala de tempo de nossa existência.
Desde os primórdios
da raça humana, já devia ocorrer o confronto entre a solidariedade e a competição
ou o altruísmo e a ganância. Assim, o acúmulo com poucos indivíduos do usufruto
do trabalho coletivo em detrimento do atingimento do bem comum competem pela
escolha humana, desde priscas eras.
A herança genética
do ser, mais a sua experiência com todo o meio que o envolve, são definidores
deste ser, inclusive são definidores do sentimento de um ser por outro da mesma
espécie. Então, formam-se humanos preocupados com o bem estar do conjunto dos
seus pares, não só com o seu próprio e o do seu grupo, e aparecem também os
indiferentes, que não sentem absolutamente nada pela dor de outro ser humano.
Desta forma, brotam
os seres com compromissos sociais e os com grande necessidade de acúmulo de poder
e riqueza, mesmo que a custa do sofrimento de outro. É uma abstração teórica os
humanos “meio termo”, que acumulam riqueza e agem em benefício da coletividade.
Desta forma, caminha
a humanidade e o seu subconjunto que habita o Brasil, os chamados brasileiros.
Estes têm peculiaridades próprias, herdadas do seu conjunto único de
ancestralidades. Mas, o ineditismo não para ai. Pensei que já tinha
visto de tudo na vida, quando o Brasil pandêmico é inaugurado, mais ou menos,
em março de 2020 e continuado no presente ano.
A política e a economia de 2016 até a presente data
são inéditas também. A pandemia e os extremados insensíveis que conseguiram se
apoderar da nação brasileira mudaram o Brasil para pior. Conseguiram destruir o
bom ordenamento jurídico existente. O parque industrial, formado com incentivos
do Estado, doados através dos impostos arrecadados junto a gerações, foi
privatizado, o que quer dizer que foi quase doado. Destruíram o que puderam do
meio ambiente para maximizar seus lucros. Tentaram destruir por completo o SUS.
Castigaram o trabalhador brasileiro com as reformas trabalhista e a
previdenciária. Mudaram os costumes, principalmente por deixar fluir solto o
ódio radical, além de lançar as notícias falsas.
Quando a pandemia acabar, se a
humanidade não tiver desaparecido, pois a velocidade de aparecimento de novas cepas
pode ser maior que a velocidade de fabricação de novas vacinas específicas, legados
vão existir. Sou tentado a admitir que o futuro humano é uma grande incógnita. Apesar
de o potencial criativo humano ser imenso, a agressividade do vírus mostra uma
determinação de luta inequívoca.
Durante
a pandemia, houve a destruição de
conquistas sociais históricas, o esquartejamento da Petrobras e a entrega dos
seus pedaços a estrangeiros, a permissão de entrada de empresas de outras
bandeiras no país em condições especiais, prejudiciais ao nosso povo, a entrega
dos nossos recursos naturais para os novos colonizadores, o meio ambiente
destruído foi considerado, pelo economês eufêmico, como mera externalidade. Enxovalharam
a bandeira nacional. Enfim, macularam o Brasil como nação e o brasileiro como
povo.
O que minimiza a
espoliação continuada, há anos, do Brasil é ele ser um país muito rico,
chegando a ser exuberante. Além do povo trabalhador, muitas vezes pouco
retribuído pelo seu suporte à produção nacional e ao mercado consumidor
brasileiro, que é um dos nossos patrimônios. Fazem parte deste patrimônio também
nossos recursos naturais, que são os recursos minerais, as fontes de água
potável, a insolação de diversas regiões, os potenciais hidráulico e eólico, os
biomas e muito mais.
Precisamos virar
este jogo. Minha geração, assim como muitas outras que nos antecederam, foram as
criadoras do patrimônio do nosso povo, recém-destruído a galope pelos piratas
invasores e seus auxiliares locais, traidores, que nos apunhalam. Minha
geração, em pouco tempo, irá toda virar pó. Nosso legado à próxima geração será
a tarefa da reconstrução nacional. Contudo, tenho ainda a esperança de
conseguir extirpar o tumor que nos afligiu a partir de 2016 e ainda nos aflige.
Só tenho medo que não haja areia suficiente para cair, na minha ampulheta, até o
fim do sonho dantesco. Desde a pilhagem do pau brasil, do nosso ouro e, agora, por
último, do nosso petróleo, o Brasil tem sido o lugar ideal para o butim das
grandes potencias e dos bandidos nacionais.
25/09/2021
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