Sinuca de bico Alckmin
Paulo Metri
Primeiramente, enunciamos o problema. O pré-candidato
Lula lançou sua intenção de ter Alckmin como vice na sua provável chapa. Como este político foi uma das lideranças do
PSDB, tendo sido, inclusive, candidato a presidente por este partido, o
eleitorado de mais idade não esquece o governo deste partido durante oito anos,
com erros e o grande acerto da estabilização monetária. Consta, a favor do
Alckmin, o fato que foi um constituinte com boas posições. Porém, durante seu
mandato como governador de São Paulo, sofreu acusações. Concluindo o enunciado,
sem levar em conta o vice, muitos eleitores votariam, dentre os candidatos
existentes hoje, em Lula. Contudo, surgiu a questão: eles continuam querendo
votar em Lula, sendo a chapa Lula com Alckmin?
Esclareço que não sou filiado a nenhum partido, mas me
considero de esquerda. Salvo melhor juízo, a inclusão de Alckmin na chapa como
vice significa um aumento da probabilidade de vitória de Lula, o que permitirá
a recuperação da “terra arrasada” deixada pelo inominável, além da expansão de
metas econômico-sociais. Se a análise fosse restrita a esta consideração, a
maioria seria a favor deste casamento político.
Acontece que existe um tema com grande impacto
econômico e social, durante muitos anos, que é escondido pela mídia de direita
e pouco identificado pelos canais alternativos de esquerda. Por esta razão,
busco conscientizar os leitores que há a necessidade de um posicionamento
explícito de todos os candidatos sobre o tema, antes da eleição.
Este tema é o Pré-Sal, uma riqueza de, no mínimo, 10
trilhões de dólares, utilizando como preço do barril, em média, durante os 30
anos estimados de produção, em torno de 60 dólares, valor bastante conservador.
O Pré-Sal pode alavancar e manter um alto desenvolvimento econômico e social,
se sua exploração e utilização forem bem arquitetadas.
É difícil transmitir a riqueza que o Pré-Sal
representa. Tento transmitir lembrando que um dos fatores que impulsionou o passado
desenvolvimento estadunidense foi exatamente o uso do petróleo próprio na sua
economia e para a sua exportação. Os Estados Unidos foram, durante um período, o
maior exportador de petróleo do mundo.
O Brasil é rico em recursos minerais, nos potenciais
hídrico, eólico e solar, na disponibilidade de água potável, em grandes áreas
agriculturáveis, em bons níveis pluviométricos e, assim, por diante. Mas,
certamente, o petróleo é um dos bens mais valiosos. Não foi sem razão que o
Pré-Sal já foi chamado, em campanha política, de “o passaporte para o futuro”. Futuro de riqueza econômica e social.
Contudo, a notícia triste é que blocos promissores de
diversas áreas, inclusive do Pré-Sal, já foram repassados em leilões para
petrolíferas estrangeiras, deixando de virem a beneficiar a sociedade
brasileira.
Lula já provou, através da luta para a aprovação, no
final do seu segundo mandato, do projeto que estabeleceu o “Contrato de Partilha”
para áreas extremamente promissoras, inclusive a do Pré-Sal, que ele valoriza e
considera como grande trunfo para o desenvolvimento.
Para registro em ata, nos governos da Dilma, quando
ela já estava politicamente enfraquecida, do Temer e do inominável, o projeto
do Contrato de Partilha, recém aprovado no governo Lula, foi todo desfigurado,
deixando de proteger nossa sociedade.
Dependendo do eleito para presidente, este tema traz
um de dois possíveis futuros bem diferentes: um danoso para a sociedade e outro
muito benéfico. Por isso, ele tem relevância ímpar, exigindo que todos o
analisem. Adianto que os candidatos de direita, quando não tergiversam, tentam
fugir dele como o diabo foge da cruz.
Na hipótese da chapa Lula e Alckmin vier a ganhar a
eleição e se o vice vier a substituir o presidente por um razoável período de
tempo, resta saber como Alkmin se comportará. Deixo claro que, infelizmente,
apesar do nosso desejo contrário, fatalidades acontecem.
Enfim, seria imprescindível Alckmin se posicionar
sobre estas áreas promissoras de petróleo, que hoje se confundem com o Pré-Sal,
mas que no futuro podem ser bem maiores, e que significam resumidamente a nossa
felicidade ou a nossa profunda tristeza futura.
Então, a proposta para obter maior clareza com relação
ao que se compromete o candidato, antes do eleitor botar o voto na urna e,
assim, evitar dissabores futuros, resolve a sinuca de bico.
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