25 janeiro 2022

Fulcro do debate sobre petróleo e gás

Paulo Metri – conselheiro do Clube de Engenharia

 

Assisti à palestra do professor Elie Abadie, patrocinada pelo Clube de Engenharia. Muito boa, cheia de dados e informações sobre o setor de petróleo e gás brasileiro e mundial, mais especificamente sobre o refino. Suas críticas são relevantes e as observações, fundamentais.

No entanto, apesar da excelência da palestra, ela não questionou e nem respondeu claramente como deve ser estruturado e funcionar o setor para maximizar a satisfação da sociedade. Aliás, é comum existirem críticas pontuais aos modelos de organização do setor sem esclarecer o modelo ideal, que é recomendado.

Com uma visão mais abrangente, por acoplar fases do planejamento energético, e sendo mais específico ao caso brasileiro, chega-se a uma metodologia de enfrentamento do problema. Em primeiro lugar, uma estimativa, mesmo que preliminar, da reserva em solo brasileiro de petróleo e gás se faz necessária. Para exemplificar, será usado o número que experientes técnicos recomendam. Nosso país possui, sem ufanismo, 150 bilhões de barris, como limite mínimo.

Em seguida, há a necessidade de se ter, com a precisão de uma estimativa inicial, a grandeza e o perfil do consumo nacional. Este perfil é necessário porque alguns consumos só devem ser fornecidos por cadeias produtoras genuinamente nacionais. Este é o caso do abastecimento das nossas Forças Armadas e de industrias vitais para a Segurança Nacional, como é o exemplo da indústria farmacêutica.

Possivelmente, a necessidade brasileira de petróleo e gás nos próximos 35 anos será bem menor que os 150 bilhões de barris, donde se conclui que o Brasil poderá exportar o excedente. Estes 35 anos podem ser melhor avaliados, sabendo que eles correspondem a uma estimativa pessoal do tempo em que a reserva do Pré-Sal poderá ser utilizada. Para tal, levou-se em conta que o Brasil sofrerá grande e justa pressão para não só não consumir, mas também não exportar petróleo, por conta dos gases do efeito estufa emitidos durante o consumo.

Enfim, tem-se uma quantidade grandiosa de insumo valioso, pelo menos hoje e em futuro razoável, um grande mercado consumidor, todas as tecnologias necessárias para a exploração, produção, transporte, abastecimento e consumo do petróleo e seus derivados. Tem-se também uma empresa que representa a demonstração que, no Hemisfério Sul, na América Latina e no Brasil, os anseios de liberdade e crescimento de “povos desconsiderados” são reivindicações justas.

Assim, resta a pergunta: qual a arquitetura de empresas e órgãos públicos brasileiros, com suas atribuições e contribuições, que ajuda o atingimento máximo da satisfação da sociedade brasileira? Este processo criativo irá chegar a um modelo brasileiro de petróleo e gás, basicamente, idêntico ao que foi criado em 1953, o do Monopólio Estatal, e que neoliberais entreguistas lutam desde então para destruí-lo. Eles começaram a ter sucesso em 1995 com a mudança do Artigo 177 da Constituição.

Com a responsabilidade de comunicar a grandeza do movimento “O Petróleo é nosso” e, também, com receio de ocupar muito espaço do artigo ao citar todas as lideranças do movimento, cito apenas o general Júlio Caetano Horta Barbosa, que ocupou a presidência do Conselho Nacional do Petróleo de 1938 a 1943. A brasilidade deste general pode ser constatada em três trechos de conferências proferidas no Clube Militar, nas datas 30 de julho e 6 de agosto de 1947. Estes trechos foram retirados do livro “O Petróleo é nosso” da Dra. Maria Augusta Tibiriçá Miranda, que mostra a grandeza do movimento.  

O petróleo pertence à Nação, que há de dividi-lo, igualmente, por todos os seus filhos”.

Pesquisa, lavra e refinação, constituem as partes de um todo, cuja posse assegura poder econômico e poder político. Petróleo é bem de uso coletivo, criador de riqueza. Não é admissível conferir a terceiros o exercício de uma atividade que se confunde com a própria soberania nacional. Só o Estado tem qualidades para explorá-lo, em nome e no interesse dos mais altos ideais de um Povo”.

É natural que eu tenha, pelo petróleo do Brasil, amor e um carinho especial. Seja-me permitido, pois, lançar desta tribuna, aos congressistas e governantes da minha terra, um fervoroso apelo em prol da sua defesa”.

Na carta testamento de Getúlio Vargas de 1954, que todo brasileiro deveria ler, de tempo em tempo, encontra-se:

Tenho lutado mês a mês, dia a dia, hora a hora, resistindo a uma pressão constante, incessante, tudo suportando em silêncio, tudo esquecendo, renunciando a mim mesmo, para defender o povo, que agora se queda desamparado. Nada mais vos posso dar, a não ser meu sangue. Se as aves de rapina querem o sangue de alguém, querem continuar sugando o povo brasileiro, eu ofereço em holocausto a minha vida”.

As aves de rapina, às quais Getúlio Vargas se refere, estão no setor de petróleo e gás, bastando para deduzir tal fato, ler o artigo de minha lavra “’Caráter’ das petrolíferas estrangeiras”, veiculado pelo Correio da Cidadania em 05/08/15. Muito mais poderia ser dito baseado em Geopolítica, mas o presente artigo analisa a escolha do modelo sobre outro enfoque.

Uma definição, ao iniciar novas argumentações: “é considerada como empresa nacional, aquela cujo controlador de fato seja brasileiro nato e residente no país. Falo em ‘controlador de fato’ porque empresas estrangeiras buscam camuflar o controle através de empresas de fachada. Repudiamos o entreguismo constante da legislação brasileira, que facilita a empresa estrangeira poder ser considerada como se nacional fosse.

O modelo para todas as atividades fins do setor de petróleo e gás pode ser obtido através de empresas privadas, estrangeiras ou nacionais, ou através de empresa estatal, no caso, a Petrobras, ou empresas privadas e a estatal juntas. Contudo, na exploração e produção do Pré-Sal só conseguem atuar as empresas privadas estrangeiras e a Petrobras. Empresas privadas nacionais, na maioria das situações, não conseguem atuar no Pré-Sal. Resta notar que existem empresas estatais estrangeiras, que competem por blocos no Brasil, mas atuam como se privadas fossem. “Então, a grande competição no Pré-Sal se trava entre empresas estrangeiras e a Petrobras.

As perguntas que nos auxiliam a pensar sobre o melhor modelo para a sociedade brasileira são as seguintes:

Qual o modelo que nos propicia a maior arrecadação de tributos?

Qual o modelo que emprega mais trabalhadores, direta e indiretamente?

Qual o modelo que gera maiores subcontratações no país, em R$?

Qual o modelo que absorve mais tecnologia para o Brasil?

Qual o modelo que mais contrata desenvolvimento tecnológico em empresas de tecnologia, centros de pesquisas e universidades nacionais?

Novas perguntas na mesma linha podem ser feitas para o óbvio ser constatado, qual seja: “O modelo estatal sobressai em relação ao modelo privado estrangeiro.

Neste ponto, os neoliberais argumentam: “A acusação que é feita às empresas estrangeiras de preferirem comprar no exterior, não é verdadeira. Alegam que não compravam aqui porque os custos são altos” . Quando o petróleo do Mar do Norte foi descoberto, a Grã-Bretanha e a Noruega buscaram induzir, durante um período, as compras locais porque os custos também eram altos. Tratava-se do período de aprendizado. Os editais dos leilões de blocos da Agencia Reguladora do Brasil, a ANP, também estipulavam percentuais para as compras mínimas. Entretanto, esta iniciativa aqui não deu certo. A ANP poderia colocar nos editais percentuais que realmente induziriam um alto índice de nacionalização das compras. Mas infelizmente isto não foi feito, haja vista que plataformas nunca foram contratadas no Brasil por empresas estrangeiras. Só a Petrobras comprava plataformas no Brasil.

É triste, porem o que acontece é que o Brasil é um país com baixo grau de soberania. Assim sendo, as suas Agências Reguladoras foram, quase todas, em diferentes graus, cooptadas pelas empresas que deveriam ser reguladas e que são, em geral, estrangeiras. Desta forma, não se pode esperar uma visão comprometida socialmente da ANP.

E as estatais são socialmente comprometidas? Não que elas sejam geneticamente comprometidas, mas a não existência de pressão para elas gerarem o máximo lucro, as libera para investir mais em programas sociais, culturais, esportivos, de segurança das operações e de apoio ao meio ambiente. Esses programas consomem recursos e não dão lucros, pelo menos a curto prazo. Em compensação, eles fazem a vida ficar melhor para todos.

A Petrobras, hoje, ainda é controlada pelo Estado, contudo, com administrações neoliberais e entreguistas, como as de Bendine, Parente, Castello Branco, e Silva e Luna. E, assim, fica difícil, por exemplo, estabelecer uma política de preços dos derivados que não prejudique a sociedade.

Com o baixo nível de politização do nosso povo, resta torcer para que líderes carismáticos e com consciência social vençam as eleições graças ao carisma, porque não será pelo compromisso social. Depois, será inteligente, se ele vencer, buscar formas de politizar a população.

Tem um ponto que afeta o modelo estatal e, por igualdade de tratamento, precisa ser analisado. Uma administração de Estatal, mesmo com pessoas compromissadas com a sociedade, pode cometer o erro de premiar em excesso os membros da corporação, o que é chamado de corporativismo, ou ceder a pressões políticas e tomar decisões sem respaldo técnico, econômico ou social. O antídoto a estas situações é existir um controle social direto sobre a empresa, além do controle dos órgãos tradicionais, como Auditoria Interna, TCU, CGU, Polícia Federal, Ministério Público e outros.

A gana tresloucada da ANP em fazer rodadas de leilões deve ser contida. Só fazer nova rodada, se preciso for, depois da decisão do nosso Governo sobre a reversão das privatizações e de vendas a preços vis, sem licitação, de nosso patrimônio, do povo brasileiro, que estava entregue à cuidadora Petrobras.

Congresso e Executivo que aprovaram arbitrariedades e barbaridades, não representavam o povo brasileiro e, portanto, não legitimaram nenhuma venda. Um exemplo: todos sabiam que a camada de sal do Pré-Sal era mais extensa que aquela mostrada no polígono de mesmo nome. Assim, deve-se buscar reverter sumariamente os blocos arrematados da “franja do Pré-Sal”, que ocorreram como concessões promovidas pela ANP, quando deveriam ser contratos de partilha.


17/01/2022

Cartão de Natal

Desejo que papai Noel seja transformado em um iluminado do candomblé, que ele seja da cor dos dominados, moreno ou negro, que ele use sunga, porque estamos no verão, que, em vez de renas puxando um trenó, sejam caminhões cheios de comida, não de ossos, porque o salário de todos dá para comprá-la, no tanto suficiente para três refeições ao dia para as crianças e seus pais, enfim ....

E que vocês sejam muito felizes.

 

Paulo Metri

 

24/12/2021

Eleitores brasileiros

Paulo Metri

 

Em 2022, o número de candidatos a cargos eletivos promete ser grande. Busco, pretensiosamente, dar um empurrãozinho para os eleitores, pois a verdade é que eles votam muito mal, pois votam contra seus próprios interesses. E não se trata de “votar certo”, significando votar em candidatos da esquerda ou da direita, apesar de eu ter posição com relação a este tema.

Diria que uns 30% da população com idade para votar, que vai de 16 anos até que a morte extinga este direito, não conseguirão exercê-lo porque, no presente, são drogados ou moradores de rua miseráveis ou estão muito doentes ou sentem muita fome ou perderam os documentos ou nunca os possuíram ou tudo isto junto ou muito pior.

Cerca de 20% dos eleitores, se tanto, professam o voto que imaginam ser correto e que não é o mesmo para diferentes grupos destes eleitores. Trata-se do voto consciente. No início do processo eleitoral, afloram características dos diversos candidatos, muitas até então não observadas. Estas características definirão boa parte dos votos a serem por ele recebidos. Por exemplo, se o candidato for estruturalmente racista e esta característica vier a tona, ele não receberá voto de eleitor antirracista e que valoriza este critério de escolha do seu voto. Em compensação, poderá receber votos de eleitores racistas e que, espantosamente, priorizam o racismo como critério de escolha do voto. Por isso, o voto consciente, não necessariamente, é um voto ético.

Em geral, os eleitores conscientes escolhem em quem votar por uma penca de posicionamentos do seu escolhido. Nunca há uma confluência total de opiniões entre o candidato e qualquer um dos seus eleitores. Pesquisas de opinião tradicionais, geralmente, fazem esta pergunta: “Que posicionamento do candidato é mais relevante para definição do seu voto?” Assim, existem certos temas que são escolhidos por um maior número de eleitores como prioritários para selecionar o candidato. Em geral, são os principais: a ética, a economia, o emprego, a saúde, a educação e a segurança. Arrisco dizer que, na eleição de 2022, mais uma vez, dentro do voto consciente, o candidato aparentemente ético marcará pontos adicionais.

Tendo já exposto os mecanismos que explicam os posicionamentos de 50% da população, os mecanismos acionados para os demais 50% são sustentados por um número exorbitante de fatos, argumentações, notícias falsas e outros dispositivos.

Neste grupo, está a coerção pesada, usada por milicianos, a chantagem da coerção leve, quando o voto deve ser dado senão algo combinado não acontecerá, podendo ser o recebimento puro e simples de dinheiro (compra de voto). Outro mecanismo de manipulação do eleitor para conquista do seu voto pode ser também a sustentação da não atratividade de um candidato opositor por agressão gratuita do tipo “o candidato tal é o candidato do diabo”. Ainda existem os candidatos que doam dentadura, financiam atividades de associações de moradores e os times de futebol das comunidades.

Mas, nenhuma dessas “bondades” merece a entrega do voto que irá definir a vida futura do eleitor e de seus contemporâneos e compatriotas. Bertold Brecht definiu, no texto “Analfabeto político”, precisamente, as pessoas que não valorizam o voto, nestes trechos:

O pior analfabeto é o analfabeto político. Ele não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos políticos. Ele não sabe que o custo de vida, o preço do feijão, do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato e do remédio dependem das decisões políticas.

Não sabe o imbecil que, da sua ignorância política, nasce a prostituta, o menor abandonado, e o pior de todos os bandidos, que é o político vigarista, pilantra, corrupto e lacaio dos exploradores do povo.

Assim chegamos aos adoradores fervorosos da ética, que são, não por acaso, conservadores incapazes de realizar os benefícios para a sociedade como um todo, de programas sociais como os de opositores. Portanto, a ética supervalorizada pela mídia tradicional, formada pelos jornalões, televisões abertas, a maioria das revistas e das rádios, mais algumas plataformas digitais, que transmitem as notícias falsas, todos controlados pelo capital, torna-se a arma predileta, devido sua eficácia, de conservadores e de países imperialistas na guerra híbrida. Nela, eles aparentam ser o que não são, benéficos para o povo.

Acrescento que, neste complô contra o voto racional da sociedade, as forças contrárias aos interesses do povo ainda formam a opinião de um número considerável de eleitores. Infelizmente, o povo brasileiro não é suficientemente politizado. Nesta selva com muitos animais aéticos, o eleitor brasileiro, sem muito treinamento, na verdade “um ser pouco politizado”, é um esperançoso alimentado pelos próprios malfeitores, que buscam mantê-lo neste estado de torpor que permite o roubo do seu voto no curto prazo e, mais a frente, da sua mais valia ou de seus recursos naturais. Os conservadores, de engodo em engodo, vão mudando os personagens para, na prática, nada mudar.  

 

29/11/2021

Pobre de direita

Paulo Metri

 

Esta expressão lembra o “silêncio ensurdecedor”, ou seja, um oximoro, que se trata, segundo o dicionário, de “uma combinação engenhosa de palavras cujo sentido literal é contraditório ou incongruente”. Entretanto, infelizmente, o “pobre de direita” é real. Graças ao poder econômico corruptor, a marqueteiros, que ajudam no trabalho sujo, à mídia convencional aliada do poder econômico e à falta de educação política do povo, seus próprios futuros algozes são eleitos como seus representantes.

Em diversos países, este fato acontece, mas a intensidade com que acontece no Brasil é muito danosa exatamente para aqueles de escolha pobre. Quanto mais carente a população, mais dependente dos que lhe distribuem migalhas e mais fácil de ser enganada, o que nos leva a um ciclo de horror, pois os eleitos, além de não melhorarem a vida dos seus eleitores, não irão os conscientizar politicamente.

Infelizmente, a escolha de um executivo público ou legislador é mais uma decisão emocional do que racional. Se assim não fosse, muitos políticos, depois de identificados como péssimas escolhas, não seriam mais eleitos. Infelizmente, este processo doloroso de aprendizado, que estaria ocorrendo por “tentativa e erro”, se existe, é muito lento.

A tese freudiana, que o jovem precisa “matar a figura do pai” para poder crescer, é adaptada na política como a necessidade de se trazer o novo, a cada eleição. O interessante é que quem usa esta tese, depois de alguns anos, prova do seu próprio veneno. Existem outras teses usadas, recursivamente, nas eleições por trazerem sempre votos, quer sejam verdadeiras ou mentirosas. Este é o caso, por exemplo, de acusar o adversário de corrupto.

Fazendo um corte na linha de pensamentos, temos que reconhecer que a perspectiva de uma vida cheia de confortos e satisfações é extremamente atrativa para um mortal perdido no mundo sem saber o que veio fazer aqui. O que é esquecido é que a “brincadeira” de acumular renda e riqueza, na maioria das vezes, vem acompanhada do empobrecimento e do aumento da carência de outros humanos.

Assim, é trazida a questão da atratividade do socialismo frente ao liberalismo econômico. O socialismo pode ser visto como um seguro dos integrantes da sociedade. Para sustentar esta tese, vai-se trabalhar com uma das diversas propostas de sistema econômico com preocupação socialista. Nesta proposta, a ordem econômica do país continua sendo capitalista, mas empresas e os donos do capital são taxados pesadamente e o dinheiro arrecadado é devolvido à sociedade em serviços. Com isso, estão garantidas escolas para todas as crianças, serviços médicos para quem precisar e velhice digna.

Já o liberalismo econômico oferece aos cidadãos uma penca de oportunidades, na qual um elemento pode se dar muito bem ou muito mal. Como a priori, ele não sabe o que acontecerá, ele deveria optar pelo caminho seguro do socialismo. Mas, com a esperança de se dar muito bem na roleta liberal, ele se atira nela irracionalmente e, dai, nasce o pobre de direita. Na maioria das vezes, quem toma esta decisão perde.

Afirmam, também, que o pobre de direita seria movido pelo prazer sórdido de recriminar os próprios oprimidos, dos quais ele faz parte. Seria outra versão do capitão do mato sem compensação alguma, aparentemente. Seria movido por distúrbio psíquico?

Notar que, na história da caixa de Pandora, ela libera, ao abrir sua caixa, todos os males que afligem a humanidade, como as guerras e as doenças. Inclusive males que estão na raiz da explicação do pobre de direita, como a necessidade de dominação do outro.

Curiosamente, ela liberou também para a humanidade a esperança, que é o pior dos males, pois prolonga o sofrimento da espécie.

 

19/10/2021

Assim caminha a humanidade

Paulo Metri

 

Poderia ser dito, sumariamente, que a humanidade anda aos trancos e barrancos, pois, depois de avanços no aprimoramento da sua humanidade, podem ocorrer recuos. Notar que a humanidade, entendida como os componentes do grupo humano, pode desenvolver sua humanidade, uma característica humana positiva, e é o mesmo grupo que pode involuir desumanamente.

Assim, a humanidade teve momentos áureos, como o lançamento do “Direito universal do homem” pela ONU, após a segunda guerra mundial. A própria criação da ONU também foi um avanço considerável. A Revolução francesa, apesar das execuções ocorridas, representou um avanço do pensamento humanitário. O lançamento do “Manifesto comunista” em 1848 representou também um avanço.

Em compensação, as ditaduras, o nazismo e as explosões nucleares de Hiroshima e Nagasaki são recuos no nível de humanidade. Qualquer guerra é um recuo civilizatório. A corrida armamentista também é. Os complexos industriais militares, ou as “indústrias da morte”, são recuos da humanidade. Assim, ela tem evoluído ou involuído na escala de tempo de nossa existência.

Desde os primórdios da raça humana, já devia ocorrer o confronto entre a solidariedade e a competição ou o altruísmo e a ganância. Assim, o acúmulo com poucos indivíduos do usufruto do trabalho coletivo em detrimento do atingimento do bem comum competem pela escolha humana, desde priscas eras.

A herança genética do ser, mais a sua experiência com todo o meio que o envolve, são definidores deste ser, inclusive são definidores do sentimento de um ser por outro da mesma espécie. Então, formam-se humanos preocupados com o bem estar do conjunto dos seus pares, não só com o seu próprio e o do seu grupo, e aparecem também os indiferentes, que não sentem absolutamente nada pela dor de outro ser humano.

Desta forma, brotam os seres com compromissos sociais e os com grande necessidade de acúmulo de poder e riqueza, mesmo que a custa do sofrimento de outro. É uma abstração teórica os humanos “meio termo”, que acumulam riqueza e agem em benefício da coletividade.

Desta forma, caminha a humanidade e o seu subconjunto que habita o Brasil, os chamados brasileiros. Estes têm peculiaridades próprias, herdadas do seu conjunto único de ancestralidades. Mas, o ineditismo não para ai. Pensei que já tinha visto de tudo na vida, quando o Brasil pandêmico é inaugurado, mais ou menos, em março de 2020 e continuado no presente ano.

A política e a economia de 2016 até a presente data são inéditas também. A pandemia e os extremados insensíveis que conseguiram se apoderar da nação brasileira mudaram o Brasil para pior. Conseguiram destruir o bom ordenamento jurídico existente. O parque industrial, formado com incentivos do Estado, doados através dos impostos arrecadados junto a gerações, foi privatizado, o que quer dizer que foi quase doado. Destruíram o que puderam do meio ambiente para maximizar seus lucros. Tentaram destruir por completo o SUS. Castigaram o trabalhador brasileiro com as reformas trabalhista e a previdenciária. Mudaram os costumes, principalmente por deixar fluir solto o ódio radical, além de lançar as notícias falsas.

Quando a pandemia acabar, se a humanidade não tiver desaparecido, pois a velocidade de aparecimento de novas cepas pode ser maior que a velocidade de fabricação de novas vacinas específicas, legados vão existir. Sou tentado a admitir que o futuro humano é uma grande incógnita. Apesar de o potencial criativo humano ser imenso, a agressividade do vírus mostra uma determinação de luta inequívoca.

Durante a pandemia, houve a destruição de conquistas sociais históricas, o esquartejamento da Petrobras e a entrega dos seus pedaços a estrangeiros, a permissão de entrada de empresas de outras bandeiras no país em condições especiais, prejudiciais ao nosso povo, a entrega dos nossos recursos naturais para os novos colonizadores, o meio ambiente destruído foi considerado, pelo economês eufêmico, como mera externalidade. Enxovalharam a bandeira nacional. Enfim, macularam o Brasil como nação e o brasileiro como povo.

O que minimiza a espoliação continuada, há anos, do Brasil é ele ser um país muito rico, chegando a ser exuberante. Além do povo trabalhador, muitas vezes pouco retribuído pelo seu suporte à produção nacional e ao mercado consumidor brasileiro, que é um dos nossos patrimônios. Fazem parte deste patrimônio também nossos recursos naturais, que são os recursos minerais, as fontes de água potável, a insolação de diversas regiões, os potenciais hidráulico e eólico, os biomas e muito mais.

Precisamos virar este jogo. Minha geração, assim como muitas outras que nos antecederam, foram as criadoras do patrimônio do nosso povo, recém-destruído a galope pelos piratas invasores e seus auxiliares locais, traidores, que nos apunhalam. Minha geração, em pouco tempo, irá toda virar pó. Nosso legado à próxima geração será a tarefa da reconstrução nacional. Contudo, tenho ainda a esperança de conseguir extirpar o tumor que nos afligiu a partir de 2016 e ainda nos aflige. Só tenho medo que não haja areia suficiente para cair, na minha ampulheta, até o fim do sonho dantesco. Desde a pilhagem do pau brasil, do nosso ouro e, agora, por último, do nosso petróleo, o Brasil tem sido o lugar ideal para o butim das grandes potencias e dos bandidos nacionais.

 

25/09/2021

Anti-heróis da humanidade

Paulo Metri

 

Não é justa a submissão de povos, considerados inimigos, por possuírem riquezas em seus territórios, que são usurpadas após a submissão. Sobre esta questão, o nacionalismo é utilizado tanto para reação aos exploradores quanto por estes para justificarem a exploração.

Um nacionalismo protetor da sociedade que utilize meios bélicos somente como fator dissuasório do que como arma de usurpação, é meritório. Nessa toada, vem caminhando, aos trancos e barrancos, a humanidade, enquanto brotam os heróis e os anti-heróis.

Adolf Hitler, líder do Partido Nazista, Chanceler do Reich, Führer para o povo alemão, figura central do Holocausto por assassinar seis milhões de judeus e milhares de outras minorias, como ciganos, homossexuais e deficientes. É considerado um dos maiores genocidas da História.

Os grupos Tutsi e Hutu, ambos africanos e negros, diferenciados principalmente pelo colonizador europeu branco, os belgas, se enfrentaram pelo controle das regiões de Ruanda e Burundi, promovendo atrocidades em ambos os lados.

Massacre dos Armênios, determinado pelo próprio governo Otomano do qual eles eram súditos. Neste genocídio, morreram de 800 mil a 1,8 milhão de armênios.

Josef Stalin, mandante do assassinato de Trotsky e de milhares de outros cidadãos. Afirmam que, somente no período de 1934 e 1939, um milhão de pessoas foram detidas, das quais 700 mil foram assassinadas.

General Custer, oficial do Exercito dos Estados Unidos, consagrou-se como grande exterminador de índios norte americanos,

Hiroshima e Nagasaki, duas das maiores barbáries da humanidade, comprovam o espírito bestial das guerras. Para agravar os atos, sabe-se, hoje, que o Japão já havia declarado a intenção de se render. Em Hiroshima, morreram, em decorrência direta da explosão, pelo menos 140 mil pessoas e, em Nagasaki, 74 mil.

Os Bandeirantes brasileiros, mesmo tendo estendido as fronteiras do Brasil, fizeram este ato de forma imperfeita, à custa do genocídio de povos originais.

A Primeira Guerra Mundial foi uma das mais sangrentas da história da humanidade. Nela morreram nove milhões de combatentes europeus. Por isso, um dos Comandantes das Forças francesas, Georges Clemenceau, disse: “A guerra é um negócio muito importante para ser deixada para os generais.

Determinada petrolífera internacional financiou grupo de mercenários e rebeldes para darem golpe no governo de um país africano e assumirem o controle deste. Em contra posição, outra petrolífera internacional financiava o governo de plantão. O prêmio do vitorioso, em ambos os casos, era o fechamento de contratos atrativos de exploração de petróleo. Na guerra das petrolíferas pelo petróleo deste país, morreram muitos africanos.

A lista anterior mostrou alguns carrascos da humanidade. Muitas outras histórias poderiam ser contadas, como a dos ingleses na Índia e na China ou a de Hernán Cortés e os Astecas ou a da Tríplice Aliança e o Paraguai e, por aí, vai. Os carrascos são levados por ganância financeira, necessidade de poder e, eventualmente, até por sadismo. Estes assassinos da humanidade são psicopatas irrecuperáveis. Matam desbragadamente e não têm remorso. Para se defender, a humanidade precisa contê-los em grades.

 

23/08/2021

Nossos heróis e heroínas

Paulo Metri

 

Quem escolhe nossos heróis? Quais os critérios usados para julgar um candidato a herói? Por que o povo não pode participar da escolha de seus heróis? Para que serve a existência de heróis?

Os definidores dos heróis e das heroínas buscam dar à sociedade os exemplos de cidadãos e cidadãs que são valorizados e, portanto, devem ser seguidos. E quem são estes definidores? Certamente, são membros da elite política conservadora, da elite econômica e intelectuais de direita, enfim, grupos pouco identificados com o povo.

Os heróis e as heroínas assim escolhidos podem fazer parte de um processo de dominação do nosso povo. Mas, de qualquer forma, não estou pregando a eleição direta para eles, senão um jogador de futebol com grande habilidade para este esporte e pensamento político desastroso poderia ser o escolhido. Prego uma maior participação, nestas escolhas, de entidades e personalidades socialmente comprometidas.

Este aprisionamento do processo de escolha dos heróis nacionais pelo conservadorismo é idêntico ao da escolha dos vilões nacionais. Após estas escolhas serem feitas, elas são disseminadas e amplificadas pela mídia comercial, que pertence ao mesmo grupo de direita do país, servindo como fator de convencimento preponderante do pensamento nacional. Assim, tenho dúvida se heróis nacionais estão sendo injustiçados, em perseguições udenistas a supostas corrupções de adversários políticos, quando seus próprios corruptos são protegidos. Getúlio Vargas foi a maior vitima da sanha udenista, que o levou ao suicídio.

A versão do desvio de recursos públicos pelo almirante Othon Luiz Pinheiro da Silva lembra as acusações udenistas. Ele tinha sido o coordenador de um grupo de técnicos altamente capacitados que conseguiram sucesso no desenvolvimento de uma tecnologia de ponta, a ultracentrifugação de urânio, não disponível para compra no mercado internacional e imprescindível para o projeto do submarino de propulsão nuclear. E, sem este tipo de submarino, a defesa da nossa zona econômica exclusiva não seria eficiente.

Não li os autos do processo e não busquei entendê-lo. Só acompanhei pela imprensa com a desconfiança que este veículo sempre acarreta. Contudo, sentia-me insatisfeito apesar de toda explicação e depoimentos de felizes delatores. Não encontrava nexo na historia oficial. Senão, vejamos.

Um jovem militar é chamado por sua chefia hierárquica para ir a uma das melhores universidades dos Estados Unidos da área tecnológica, o MIT, para fazer o mestrado e o doutorado com o objetivo de, ao voltar, desenvolver no Brasil para a Marinha a tecnologia da ultracentrifugação, que só um número de países contados nos dedos das mãos possuía.

Retornando ao Brasil, com o auxilio da Marinha e da Universidade de São Paulo, enfrentando o boicote do fornecimento de suprimentos indispensáveis, atuando no mercado negro para o Brasil poder ter a tecnologia (não se presta conta formal ao se participar de mercado negro), vigiado pela CIA, segundo a Wikipédia, e sabem-se lá quantos outros órgãos de inteligência, o almirante Othon dedicou-se à sua missão, teve êxito e não ficou milionário.

O assessoramento a possíveis países que gostariam muito de ter esta tecnologia para produzir bombas atômicas, o que seria uma insanidade, apesar de muito lucrativo, ele não o fez. Mas, o assessoramento, à época, a empresas de produção de ultracentrífugas para consumo próprio seria muito atrativo. Ele continuou como funcionário do Estado brasileiro.

Desculpem, mas não faz nexo, ele está mais para herói do que para vilão. Ainda mais agora que foi inaugurada a temporada de juízes não justos.

 

06/02/2021

O petróleo não é mais nosso

Paulo Metri

José Sergio Gabrielli, ex-presidente da Petrobras, afirmou, recentemente, o que alguns especialistas em petróleo já vinham identificando. “É impossível retomar o controle do Pré-Sal”, disse ele. Acrescento à sua fala, que áreas do polígono do Pré-Sal e de outras regiões já foram entregues a petrolíferas estrangeiras; a Petrobras foi esquartejada e apequenada; e a legislação relativa ao “Contrato de Partilha” foi desfigurada.

Neste quadro, alguns juristas trazem o argumento das privatizações terem sido realizadas a preços vis. No entanto, não vejo processos colocados com essa argumentação. Consta que Cháves conseguiu reformular contratos existentes com este argumento. Contudo, o poder bélico do país e de seus aliados deve também ser levado em conta.

O ex-senador Roberto Requião, também nacionalista e socialmente comprometido, sugere a aprovação pelo Congresso de um referendo revogatório, para o qual a população seria convidada a se posicionar, revogando, de preferência, as barbáries aprovadas pelos entreguistas.

Neste momento surgem os brados dos entreguistas: “E o ‘ato juridicamente perfeito’? Como revogar estes atos? Eles serem revogados significa a existência de instabilidade jurídica do país.”

Para trazer um mínimo de nexo a este debate, busco racionalidades em vez de só lançar palavras de emoção. Para tanto, parto do princípio que o único objetivo de um governo é maximizar o bem-estar social. Lutar pelo poder só faz sentido se for para maximizar o grau de satisfação da população.

Posto isto, quais são os atores relevantes, cujas tomadas de decisões influenciam o citado “grau de satisfação da sociedade”? São muitos, assim só cito os mais relevantes.

Primeiramente, os políticos se dividem em dois subgrupos claros: os que conseguem a representação do povo, sem verdadeiramente representá-lo, e aqueles que merecem o título. Os primeiros, além de crápulas, são também grandes atores.

​ Algo análogo surge em outros grupos. Por exemplo, existem os sindicalistas que lutam pelos reais interesses dos trabalhadores e os que fazem jogo de dissimulação para atender interesses dos patrões. São os pelegos.

A divisão dos grupos patronais passa por diferente viés de análise, pois existem os nacionalistas e os entreguistas. Estes últimos se contentam em serem representantes comerciais de empresas estrangeiras.

O empresariado possui os grandes meios de comunicação. Assim, por pertencerem ao capital, só divulgam as noticias com suas visões. Com relação às redes sociais, há diversidade de opiniões, se bem que existem também as “fake news”.

Ainda dentro do grupo empresarial, existem cinco bancos com enorme dominação do mercado. Detalhe: o CADE não faz absolutamente nada. Todos com lucros excepcionais e poder político grandioso. Existe também o agronegócio, também com enorme força política e que é protegido por gerar muita divisa.

Dentre os religiosos, existem os exploradores da necessidade da fé de muitas pessoas, que aproveitam a fragilidade de muitos fies, para explorá-los, e os verdadeiros religiosos altruístas.

Dentro do setor público, não quero falar do atual Executivo aparelhado, não só por ser mais uma das tantas obviedades que escrevo, mas por ser noticia deprimente.

Ainda dentro do setor público, existe uma casta que mereceria atenção especial de um hipotético grupo de racionalização social do Estado brasileiro: o Judiciário. Para justificar esta afirmação, me apoio no fato da ocorrência nos seus quadros de Sergio Moro e Deltan Dallagnol. É bom sempre lembrar o prejuízo incomensurável de uma sentença injusta, só comparável a uma averiguação policial tendenciosa.

Os militares, incluindo não só os das Forças Armadas, mas também os das policias estaduais e municipais, os da Polícia Federal, enfim, os servidores públicos que usam armas, merecem uma observação inicial. A meu ver, o militar perfeito é aquele que se sente guardião da arma que a sociedade lhe entregou, cumpre estritamente a Constituição do País e, em hipótese alguma, usará esta arma contra a sociedade. O militar reformado poderá participar da política, mas o da ativa não pode emitir posição política e nem exercer cargo público, a menos daqueles das próprias Forças Armadas.

Merecem citações as forças armadas das milícias e do tráfico. São forças opressoras da sociedade, bandidos, capazes dos atos mais violentos.

Neste balaio de interesses, está solto na escuridão, desnorteado, sem saber onde se apoiar, o povo brasileiro. Ele pode não ser mais cordial, como foi considerado no passado. Contudo, afinal de contas, por que deveria ser?

O Estado, cada vez mais, o ajuda menos. A grande mídia o ludibria, não sabe em quem confiar nas redes sociais, o vírus, segundo alguns estudiosos, liberado devido à destruição ecológica, ataca violentamente os mais necessitados. No meio de tanta desgraça, surge uma mão amiga, resquício do Estado solidário: o SUS, que busca salvar indistintamente, chegando ao ponto de poder salvar seu algoz futuro.

Empresários só não apertam mais a corda que está no pescoço do povo porque podem perder o consumidor. Políticos e religiosos inescrupulosos, milicianos e traficantes maltratam, extorquem e seviciam a população.

Neste quadro dantesco, o butim é inevitável. Todos os setores da Economia estão sendo destruídos, a menos dos bancos e outros setores arrivistas, sob a batuta do Ministro Guedes.

Assim, o mesmo ocorreu com o setor do petróleo, que já foi chamado de “passaporte para o futuro”, expressão criada pelo Engenheiro Fernando Siqueira da AEPET e, depois, adotada pela Presidente Dilma em campanha eleitoral.

Os Estados Unidos desfecharam uma guerra de mais de US$ 2 trilhões contra o Iraque, que possuiria imaginárias armas de destruição em massa e possuía cerca de 240 bilhões de barris de petróleo reais. Por outro lado, empresas estrangeiras ganharam blocos de petróleo no Brasil em leilões ofertando quantias comparativamente ínfimas, cujo petróleo a ser descoberto pode corresponder a uma parcela considerável dos 240 bilhões iraquianos. E nenhum marine desembarcou na costa brasileira, a menos dos que vieram para o carnaval. Além disso, as petrolíferas estrangeiras, que ganharam blocos no Brasil, tiveram isenção de impostos por 25 anos de cerca de R$ 1 trilhão.

Assim, o setor de petróleo brasileiro, como outros, foi destruído e desarranjado. Mas, a ironia do destino é que o governo Biden parece querer comprar briga com as petroleiras internacionais ao liberar US$ 2 trilhões para as energias limpas.

É interessantíssimo o fato que o Brasil é também exuberante em reservas de fontes alternativas para geração de energia limpa. Mas, o problema é que um novo “quinta coluna” ou o mesmo, irá entregar graciosamente estas reservas. A máquina de extorsão do povo está montada

30/01/2021

21 janeiro 2022

Não há luz no túnel

Paulo Metri

 

Estamos no túnel, envolvidos em profundo breu. Gostaria muito de poder informar que há uma luz pequena e distante representando a saída. Se considerarmos o momento atual como uma corrida de obstáculos, o brasileiro tem que pular uma única barreira imensa, formada pela pandemia, por Bolsonaro, que não é preciso adjetivar, pelo neoliberal Guedes, e por fim, pelos impérios com suas forças armadas e empresas de pilhagens. Trata-se de um obstáculo gigantesco para um povo desvalido e depauperado.

O planejamento do caos foi perfeito, tendo resultado neste ano de 2020, muito ruim para os brasileiros. Planejaram até os detalhes, pois colocaram o carrasco e a pandemia juntos, com ela inibindo manifestações de repúdio às ações dele.

A política sempre foi dominada por manipuladores do povo à cata de votos, que trazem a representatividade não verdadeira. Em geral, estes são, também, ladrões de bens públicos. A sociedade, apesar de poucos profissionais abnegados, que buscam esclarecer o processo de dominação em curso, ainda está hipnotizada pelos mercadores de mentiras dos telejornais, a grande fonte de desinformação dos brasileiros. Hoje, redes sociais, com ou sem “fake news”, informam ou desinformam, dependendo do canal.

Adicione-se a tudo isso para 2021, uma inflação de 10% ao mês, um desemprego de 30% da população economicamente ativa, a crise da saúde pública, que já atinge mais de 180.000 mortos, e com as autoridades do governo aparentemente pouco interessadas em resolver a questão. Também, a insensibilidade da classe dominante é espantosa, se não for trágica.

No Congresso, políticos ávidos de mais poder, fieis ao neoliberalismo, com exceção da diminuta bancada do povo, tramam. Buscam formas de lucrar mais, mesmo sendo com a desgraça alheia. Entretanto, continuam buscando intrigar seus oponentes, com sua mídia. Esta é uma parte da receita da dominação.

Assim, o breu é total. Contudo, existe o ditado: “Não há mal que sempre dure, nem bem que nunca se acabe, que é verdadeiro porque as gerações se sucedem e, normalmente, as novas gerações buscam partir do zero. No longo prazo, todos os vivos de hoje serão pó, inclusive os donos da empáfia.

Não arrisco prever o futuro porque é difícil e desconfio que ele é triste. Quanto a mim, continuarei lutando, até porque é o que mais faço.

 

Paulo Metri é conselheiro do Clube de Engenharia

26/12/2020

Maradona bateu um bolão durante sua vida

Paulo Metri

 

Bateu um bolão como ser humano sensível às causas sociais. Tinha a consciência que o colocava sempre do lado da justiça e dos mais fracos.

Por isso, bateu um bolão junto a Fidel, a Chávez, ao Papa e tantos outros líderes queridos por seus povos e devotos. Tinha marcado no seu corpo os ideais do Che.

Bateu um bolão em jogo beneficente em Nápoles. E o bolão da liderança política, junto com nossos Sócrates, Afonsinho e alguns outros poucos.

Bateu um bolão, inclusive com a mão, lavando a alma de um povo que teve parte de seu território usurpado por um império.

Ah, já ia esquecendo. Bateu mais que um bolão no futebol.

 

26/11/2020

Democracia e fraude

 Paulo Metri


Fala-se em democracia sem a compreensão verdadeira do que se fala.  Não existe, nunca existiu e nunca existirá a democracia perfeita, pois ela não pode ser gerada a partir de homens e mulheres imperfeitos.

Se considerarmos esta “democracia plena” como um ponto focal, ou seja, um norte inatingível, mas que nos baliza, então, há nexo. Países podem possuir graus elevados de democracia, mas sem serem perfeitas.

O grau da democracia de um país depende de inúmeros fatores, tais como a qualidade das informações entregues à sociedade, o nível de politização da sociedade, a tradição de debates políticos, o combate às fake news e o culto ao bem coletivo.

Quando Brizola lembrava a necessidade de existir também uma “democracia econômica”, utilizava esta expressão para propor ênfase na inclusão social. Outra leitura desta mensagem é que, em uma democracia, não só o voto consciente é direito de cada cidadão, mas três pratos de comida ao dia também são.

O grau de democracia de um país será muito baixo se fraudes eleitorais existirem. Milicianos, à moda dos “coronéis” de zonas rurais no século passado, ao controlar agressivamente o voto dos eleitores, realizam fraudes. Religiosos que pregam que o oponente a determinado candidato, indicado por eles, é o próprio “coisa-ruim”, são fraudulentos.

As fraudes podem ocorrer na apuração manual de votos ou na eletrônica. A fraude na apuração manual é nada sofisticada, pois mesários e fiscais corrompidos mudam “na mão grande” o número de votos de candidatos. Os mais velhos devem se lembrar de que, no passado, havia muitas reclamações sobre a contagem de votos. Na apuração eletrônica, apesar da Justiça Eleitoral buscar minimizar a possibilidade de ocorrerem fraudes na transferência dos votos ou no programa instalado nos computadores das urnas, esta possibilidade existe.

O manancial de esquemas fraudulentos é imenso, todos visando corromper a democracia para se atingir o poder, que leva à riqueza, à revelia do que seria o voto popular consciente. Novas técnicas sofisticadas de indução fraudulenta do voto são dissecadas no documentário “O dilema das redes”, disponível na internet.

Também, a informação correta para o eleitor é imprescindível em uma democracia. A manipulação das informações é também uma fraude. Canais de mídia são, na realidade, instrumentos de manipulação inconsciente da sociedade. Por tudo isso, desconfie quando lhe disserem que determinado país é democrático.

Não posso concluir sem dizer que há algum grau da democracia em Cuba. Alguns leitores podem estar perguntando: “Com partido único?” Posso atestar que, lá, além das pessoas terem bom nível cultural, têm alto grau de politização e existe debate na população, mesmo com a condição adversa do seu regime viver, há mais de 60 anos, sob um boicote desumano da maior potência da Terra. A população não se rebela contra o regime e seus dirigentes, por não os identificar como culpados.

 

Novembro de 2020

Sobre a esperança

Paulo Metri

 

Sinto-me acabrunhado, acuado e com medo aterrorizante por causa de dois vírus, um conhecido por todos e outro difícil de ser identificado, mas igualmente letal. Trata-se do vírus da intolerância, da brutalidade e da incivilidade.

Oito refinarias da Petrobras serão privatizadas, sem discussão, com a rispidez da comunicação da atual estatal, sem licitação e com a autorização complacente do STF, restando somente a nós o apelo para a dificílima interferência da providência divina. Estamos na fase mais brutal do capitalismo a serviço de outra nação, o imperialismo. As perdas do povo brasileiro são enormes.

Não há, no Brasil de hoje, o equilíbrio entre os poderes. O sistema de freios e contrapesos foi abandonado. Todos os três poderes são servos do imperialismo. Se a mídia for considerada o quarto poder, ela também é fiel ao império.

Temos pessoas bem intencionadas, que acreditam em referendo revogatório, vitória dos nacionalistas nas próximas eleições, trazendo um total revisionismo e outros sonhos desejosos.

Pergunto quem irá fazer a conscientização dos despolitizados? A mídia aberta não fará. Quem irá pegar em armas para forçar decisões que beneficiem a sociedade? As Forças Armadas não irão e não é recomendável que o povo as pegue. Quem irá politicamente tentar libertar nosso povo desta submissão prejudicial? O Congresso e o Executivo não irão. Como a sociedade poderá se sublevar da dominação existente? Não vejo como.

A grande esperança é porque o liberalismo econômico não resolveu e nunca irá resolver o problema social. Pelo contrário, irá sempre agravá-lo. Também, o modelo imperialista traz perdas visíveis para todos os brasileiros.

Nesta hora, vem à lembrança o provérbio: “Não há bem que sempre dure e um mal que nunca se acabe”. Mais um pensamento desejoso que nos enche de esperança, aquela maldade que não saiu da Caixa de Pandora só para parecer para a humanidade que se trata de uma bondade.

Segundo Dante, no portal de entrada do Inferno, há um alerta para que toda esperança seja ali abandonada. Daí, os seres humanos criam esperanças, mesmo que falsas, para não viverem no Inferno.

Nego-me a listar as desgraças iminentes, que hoje não são poucas, assim como as respectivas esperanças, até porque não costumo aderir a uma luta só se a possibilidade de vencer for grande. Sugiro lutarem pela humanidade.

 

12/10/2020

Mensagem para os jovens

 Minha geração construiu razoável infraestrutura econômica, saiu da ditadura, promulgou a melhor Constituição de todos os tempos e aliviou parte do sofrimento dos mais carentes.

Quase ao sair do palco, estamos destruindo a infraestrutura, inclusive o Pré-Sal, flertamos com a ditadura, pioramos muito a Constituição e trouxemos de volta os miseráveis para a sociedade.

Portanto, vocês, jovens, têm uma sugestão de razão de vida, que é recuperar e aumentar nossas conquistas.

Ser nacionalista, na nossa Pátria, significa, sobretudo, amar o povo brasileiro.

 

Paulo Metri

 

06/09/2020

Projeto de lei em regime de urgência

 Paulo Metri

 

Um deputado de esquerda apresenta o projeto de lei que visa retirar dos médicos a “escolha de Sofia” de quem ganha um respirador na fase mais grave do ataque do coronavírus e, assim, passa a ter maior probabilidade de viver, e quem não ganha.

Este projeto está sendo esperado por todos os deputados, tendo sido acordado que ele com suas eventuais emendas serão aprovados no mesmo dia. A votação unânime de lideranças e a presença mínima conseguida através de videoconferência e mais algumas presenças físicas garantem a legitimidade do processo legislativo.

O autor do projeto argumenta que, o princípio usado pelos médicos até o momento de sempre ganhar o doente mais jovem, pois pouco viveu, não necessariamente é justo. Por exemplo, se for comparado um bandido jovem, autor de vários assassinatos, e um religioso que dedicou a sua vida a obras sociais, o mais jovem não é uma boa opção.

No projeto, recebe o respirador o doente que tiver o melhor “currículo social”, no qual são considerados nobres os profissionais das áreas da saúde, do ensino e da pesquisa, os servidores públicos e aqueles que exercem atividades de contribuição social.

Neste instante, ouve-se a voz de um congressista do plenário.

- Este projeto de Vossa Excelência é extremamente meritório e importante, porque resolve uma questão crucial, neste momento de calamidade. No entanto, eu gostaria de sugerir um adendo, que é a inclusão de um artigo que proíbe os “negacionistas” de receberem respiradores, uma vez que, ao negarem a gravidade da crise, ao negarem a possível falta futura deste equipamento, eles dificultaram a sociedade de se preparar para o combate à esperada escassez deles.

Outra voz ecoa vindo da tela dos “presentes” graças ao vídeo.

- Tenho dúvida se há necessidade deste projeto. Contudo, como ele pode vir a ser aprovado, devo propor, agora, a correção de uma injustiça contida nele. Contribuem socialmente, também, os empreendedores, os empresários, que criam os empregos.

O presidente da sessão, querendo impor a ordem, passa a palavra para o primeiro inscrito. Até então, tinha a palavra quem fosse mais ágil.

- Desejo saber como se vai ter o “currículo social” a tempo da tomada de decisão. O vírus não espera.

- O próprio médico pode fazer perguntas sobre o paciente aos seus familiares e amigos ou podem ser usados os dados do levantamento que a “Inteligência” do Executivo vem fazendo das lideranças da nossa sociedade, há algum tempo. Mas, é preciso interpretar este levantamento com outra ótica, ou seja, uma pessoa com compromissos sociais não é uma ameaça à sociedade. Aliás, ela é benéfica à sociedade.

- Tenha a palavra, o segundo escrito, Excelentíssimo Deputado do recém-criado partido.

- Grato. Quero concentrar minha intervenção na valorização da geração de empregos, já mencionada. Têm-se má distribuição de renda. Pois uma maior geração de empregos contribui para a melhoria desta distribuição. O combate à fome é desejado e os empregos também a combatem. Assim, quem mais tem capacidade de gerar empregos, maior contribuição dá à sociedade. E quem tem maior capacidade de gerar empregos é quem tem maior património.

- Agora, pela ordem de inscrição, tenha a palavra Excelentíssimo Pastor.

- Estamos aqui buscando salvar os melhores da nossa população, tarefa que só poderia ser bem executada por Deus. Assim, estamos tendo a pretensão de substituir Deus. Quem somos nós, além de reles pecadores? Mas, temos uma questão prática, que é a escolha dos critérios de quem vive e quem morre. Proponho que entreguemos a questão de volta ao Divino, bastando perguntar aos doentes: “Você tem fé?” ou “Você acredita que Deus existe?” ou “Você professa alguma religião?” Merecedores dos respiradores são aqueles que têm fé.

Neste momento, um Deputado da região Norte manda este whatsapp para seu colega de São Paulo: “Estou aqui fazendo número porque o Presidente da Casa pediu muito que participasse desta videoconferência. Hoje, vejo o acerto que fizemos ao aceitar as contribuições dos donos de capital para nossas campanhas. Pensei que eles ajudariam só na eleição. Mas eles nos ajudam e às nossas famílias a viver. Não será o caso, se Deus quiser, mas se o pior acontecer, já soube que temos respiradores garantidos.”


21/05/2020

20 janeiro 2022

Abuso da nossa paciência, nunca mais!

 (Veiculado pelo Correio da Cidadania a partir de 11/01/2022)

 

Paulo Metri

 

Em artigo anterior (“Até quando vão abusar da nossa paciência?”, veiculado neste Correio da Cidadania a partir de 23/12/21), foi dito: “sabemos que as petrolíferas estrangeiras estão levando nosso petróleo e deixando quase nada de contribuição para o desenvolvimento do Brasil, sabemos que órgãos do Estado brasileiro são coniventes com esta apropriação indébita, que muito ativo do setor do petróleo foi vendido a preço vil, podendo, por isso, ser recuperado, sabemos que empresas sem compromisso ético com a sociedade brasileira começaram a atuar aqui com o propósito único de auferir muitos lucros, ... sabemos que sempre atuaram apostando na inocência do povo, que, agora, está alerta”.

Um novo futuro nos espera e os tribunais a eles, os inimigos da nossa sociedade. A mídia corrupta, anestesiadora do povo, não conseguirá mais ludibriar. Queremos uma mídia que mostre todos os ângulos de análise de um fato, que dê informação! Não queremos cobrar juros na reparação, apesar de merecermos. Queremos novas condições, novos rumos que já deveríamos estar desfrutando. Trata-se da correção de erros impostos. Muitos dos quais tiveram a participação consciente de brasileiros, traidores de seus irmãos.

Um novo Brasil irá emergir desta catástrofe. Um novo grupo de empresários com amor a sua terra. Uma nova classe política, consequência da nova consciência da sociedade. Novos militares que tenham a única tarefa de dissuadir inimigos externos a nos invadir, que não queiram impor a lei e a ordem a nacionais, segundo a sua ótica. Novas Polícias que se reformularão para serem aprovadas pela sociedade como um todo, não só por uma classe. Nova comunicação de massa sem mentiras, sem domínio do capital, com a tarefa exclusiva de bem informar. Com tudo isto acontecendo, a nossa paciência não estará mais sendo abusada.

Outras sociedades conseguiram atingir altos níveis de maturidade política, onde este futuro ideal está mais próximo. Foi uma conquista consumidora de tempo e de esforço coletivo. Contudo, como primeiro passo, a sociedade precisa estar consciente da importância da sua atuação política.

Trata-se, portanto, de uma mudança da compreensão da política pelo conjunto da sociedade. Algo que consome muito diálogo e disposição para o acerto. A experiência continua de escolhas políticas é primordial. Ouve-se que gerações que participaram de guerras, dado os efeitos destrutivos delas, transmitem para as gerações seguintes o horror que elas representam. Esta transmissão de percepção é mais forte, por exemplo, que a transmissão consequente da leitura sobre o mesmo drama.

Assim, o crescimento da politização da sociedade pode ser considerado como o primeiro degrau a ser galgado para o sucesso de qualquer desenvolvimento social. Sendo a incompreensão política um gargalo, pode-se propor um “mutirão para conscientização política da população”, obviamente sem partidarização política. Este mutirão consiste, já que há falta de maior debate político na sociedade, em esclarecimentos básicos que devem nortear as decisões, por exemplo, mostrando que notícias falsas são veiculadas com interesse de enganar a população. Não se deve confundir este debate com aquele dos candidatos a postos eletivos.

Um exemplo atual é o fato que os preços dos derivados são definidos pela Política de Paridade de Importação, completamente irracional e lesiva aos interesses nacionais. A mídia busca impô-la como correta e tem o beneplácito do próprio governo. Assim, a Petrobras, atualmente, só representa interesses de grupos econômicos estrangeiros e, subsidiariamente, do atual governo brasileiro, que busca diminui-la, prejudicá-la, enfim, extingui-la. Não é soberano estar integrado à economia mundial como colônia, sem capacidade para defender os verdadeiros interesses nacionais.

Certa vez, um jovem me perguntou: “Por que ser soberano?” Meu primeiro pensamento foi ler para ele o poema de Bertold Brecht “O analfabeto político”. Mas, seria agressivo porque Brecht parece ter perdido a paciência ao redigir este poema. A resposta que encontrei, à hora, foi “sendo soberano você terá possibilidade de tomar a medida que melhor beneficia a sociedade brasileira”. Até hoje, acho que foi uma boa resposta. Poderia ser dito, também, que: “a soberania de um Estado nacional pode ser comparada ao ‘leitmotiv’ (motivo condutor) que transforma um acalentado aprazível futuro em realidade”.

Neste ponto surge a nova pergunta: “O que é ser nacionalista? ”, cuja resposta é bem mais simples: “trata-se daquela pessoa que protege a sociedade da sua pátria”. Não confundir esta definição com “proteger a pátria”, que se trata de “proteger o espaço físico da pátria e as benfeitorias nela existentes, sem preocupação com os seres humanos que nela habitam”.

O Brasil, hoje, já poderia fazer parte da OPEP (Organização dos Países Exportadores de Petróleo), o que seria bom para a sociedade brasileira, pois o país teria uma maior capacidade de barganha em negociações internacionais. Mas, sorrateiramente, o Brasil “salvou” o mundo de um novo choque de petróleo com o seu salvamento das grandes petrolíferas estrangeiras que começavam a ficar com suas produções futuras comprometidas pelo baixo nível de reservas. Até petrolíferas menores se beneficiaram do “roubo” do petróleo nacional, como é o caso da petrolífera de Portugal que, graças aos nossos neoliberais desprovidos de qualquer amor e respeito à sociedade brasileira, entregaram reservas que equivalem a dezenas de anos de abastecimento de Portugal. Deve ter sido pela saudade da colonização portuguesa.

O Brasil tem, no mínimo, 150 bilhões de barris de reservas petrolíferas, que não se fala no país para a sociedade não saber da sua riqueza. Desta reserva, uma boa parte já foi entregue em condições desfavoráveis pelos governos Temer e Bolsonaro. Resta, agora, dependendo do caso, simplesmente anular licitações e recuperar o bloco, ou questionar na Justiça estas licitações. Sabe-se que interpretações errôneas colocaram blocos em licitações para a concessão, quando deveriam ser utilizados os contratos de partilha. Outras imprecisões técnicas foram admitidas com prejuízo para a sociedade brasileira. Enfim, deve-se fazer uma revisão cuidadosa neste rico setor.

É primordial que esta conscientização política não procure convencer o cidadão que soluções a direita ou a esquerda, conservadoras ou progressistas, privatistas ou estatistas são as ideais para solucionar os problemas da nossa sociedade. Algumas podem até ser boas soluções, mas são questões muito polémicas, sobre as quais as pessoas divergem, honestamente, muito. Entretanto, o entreguismo deve ser combatido por todos, assim como o nacionalismo deve ser apoiado por todos. Outra postura que deve ser consensual é a definidora do nosso grau de civilidade. Apoio à misoginia, homofobia, racismo, fascismo e a outras deformações humanas devem ser usadas como teste preliminar para eliminação de candidatos a cargos políticos.

O cidadão comum, aquele que é manipulado pela mídia e alvo das fake news, não precisa ser, necessariamente, diplomado ou culto para ser politizado. Nem mesmo grande estudioso de política. Nem profundo conhecedor da legislação que rege os poderes e suas relações. Basta ter convicção do que é bom para o próximo e para si próprio e procurar esclarecer dúvidas que surjam. Estar consciente que forças poderosas usufruem da ignorância política da grande massa. Em geral, elas controlam os meios de comunicação tradicionais e, por isso, não é fácil contradizê-las. Mas suas contradições, às vezes, emergem e a verdade prevalece.

Este novo agente social precisará ser solidário e perseverante. Analisar as diversas propostas futuras de país com bom senso e debater causas e consequências. Ao passar a ser um agente da conscientização política da sociedade, estará ajudando ela a trazer um futuro melhor para todos. Enfim, ele deverá trazer maior nexo para as escolhas.

 

Paulo Metri é conselheiro do Clube de Engenharia


03/01/2022